Arqueólogo que era,
Escavando uma história sepultada
Deparei-me com letras de perdida escrita
O solo era a Judéia Antiga, e Aramaico, a palavra
O pergaminho narrava os fatos do homem que encontrou sem buscar
(arqueólogo do acaso) uma casa soterrada sob a contemporânea Canaã
Encontrou o teto, escavou e descobriu uma porta de tempos em terra fechada
Até que conseguindo abri-la, se viu numa sala escura mas sem obstáculos e intacta
Em meio à treva ouviu impossíveis murmúrios, ecos que se aproximavam, e acendeu a lanterna
Para seu horror divisou faces cavas, esqueléticas, olhos fundos, cadavéricos, mas de pessoas vivas
E as bocas murchas balbuciavam, e as mãos descarnadas o apalpavam e olhos arregalados o encaravam...
Mas em meio ao pânico reconheceu e compreendeu algumas palavras, depois frases, depois falas
E a compreensão daquele difícil dialeto incompreensivelmente lhe trouxe conforto e alívio
E as palavras dos mortos-vivos lhe contaram uma história, revelaram um acontecido :
Diziam que há um tempo distante, impreciso, houve naquela casa uma festa
Eram bodas em Canaã e para a vergonha do cicerone, vinho faltava
E foi então que um homem comum em meio da gente apareceu
Em meio à gente falava palavras novas e novas verdades
E sabendo da falta de vinho, fez o incrível, fez o milagre:
De potes d´água verteu vinho, bom, vermelho, sadio
Que não embriagava, antes os despertava
Mas ele como surgiu, assim sumiu
Seguido sempre pelos amigos
Impávido e infalível
Tranquilo...
A festa continuou,
o vinho não acabava,
o vinho continuou, a festa não acabava
Mas um tempo depois, a terra tremeu, a casa soterrou
Ninguém conseguiu sair, a terra tudo lacrou, as saídas se fecharam
E se passaram horas, e estas viraram dias, e os dias anos, e os anos séculos
Mas a vida continuou, o vinho não acabava, as pessoas não morriam, a vida continuava
E viviam do vinho que nunca cessava, conseguiam viver sob a terra, sem enxergar, ninguém respirava
Até que surgira ele agora, o arqueólogo do acaso, o homem que vinha libertá-los
E aquela gente, gritando de alegria, se dizia livre e pela porta correndo saíram
O homem ficou só, se achando louco, caminhou e tropeçou em cântaros
Destapou-os, cheirou suas bocas, sentiu o aroma de buquê de vinho
Não resistiu, tomou de um gole no cálice das mãos e bebeu
Se sentiu estranho, se sentiu novo, se sentiu eterno
Saiu pela porta e soterrou de novo a entrada
Escreveu esta história e saiu pela vida...
Eu desde então vivo a procurar
o local exato da casa perdida
a porta de entrada da sala
dos cântaros sagrados
do vinho de Canaã
do vinho da vida
Escavando uma história sepultada
Deparei-me com letras de perdida escrita
O solo era a Judéia Antiga, e Aramaico, a palavra
O pergaminho narrava os fatos do homem que encontrou sem buscar
(arqueólogo do acaso) uma casa soterrada sob a contemporânea Canaã
Encontrou o teto, escavou e descobriu uma porta de tempos em terra fechada
Até que conseguindo abri-la, se viu numa sala escura mas sem obstáculos e intacta
Em meio à treva ouviu impossíveis murmúrios, ecos que se aproximavam, e acendeu a lanterna
Para seu horror divisou faces cavas, esqueléticas, olhos fundos, cadavéricos, mas de pessoas vivas
E as bocas murchas balbuciavam, e as mãos descarnadas o apalpavam e olhos arregalados o encaravam...
Mas em meio ao pânico reconheceu e compreendeu algumas palavras, depois frases, depois falas
E a compreensão daquele difícil dialeto incompreensivelmente lhe trouxe conforto e alívio
E as palavras dos mortos-vivos lhe contaram uma história, revelaram um acontecido :
Diziam que há um tempo distante, impreciso, houve naquela casa uma festa
Eram bodas em Canaã e para a vergonha do cicerone, vinho faltava
E foi então que um homem comum em meio da gente apareceu
Em meio à gente falava palavras novas e novas verdades
E sabendo da falta de vinho, fez o incrível, fez o milagre:
De potes d´água verteu vinho, bom, vermelho, sadio
Que não embriagava, antes os despertava
Mas ele como surgiu, assim sumiu
Seguido sempre pelos amigos
Impávido e infalível
Tranquilo...
A festa continuou,
o vinho não acabava,
o vinho continuou, a festa não acabava
Mas um tempo depois, a terra tremeu, a casa soterrou
Ninguém conseguiu sair, a terra tudo lacrou, as saídas se fecharam
E se passaram horas, e estas viraram dias, e os dias anos, e os anos séculos
Mas a vida continuou, o vinho não acabava, as pessoas não morriam, a vida continuava
E viviam do vinho que nunca cessava, conseguiam viver sob a terra, sem enxergar, ninguém respirava
Até que surgira ele agora, o arqueólogo do acaso, o homem que vinha libertá-los
E aquela gente, gritando de alegria, se dizia livre e pela porta correndo saíram
O homem ficou só, se achando louco, caminhou e tropeçou em cântaros
Destapou-os, cheirou suas bocas, sentiu o aroma de buquê de vinho
Não resistiu, tomou de um gole no cálice das mãos e bebeu
Se sentiu estranho, se sentiu novo, se sentiu eterno
Saiu pela porta e soterrou de novo a entrada
Escreveu esta história e saiu pela vida...
Eu desde então vivo a procurar
o local exato da casa perdida
a porta de entrada da sala
dos cântaros sagrados
do vinho de Canaã
do vinho da vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário